A seguir documentamos a tradução da fala feita pelos camaradas do Partido Comunista Maoista do Estado Francês para a celebração do 200o aniversario do nascimento de Karl Marx.

 

Camaradas,

O Partido Comunista Maoista do Estado Francês está honrado em participar desta grande celebração internacional pelos 200 anos de Karl Marx. Enviamos nossos agradecimentos aos organizadores deste dia e mandamos nossas mais calorosas saudações a todas organizações marxistas-leninistas-maoistas dos países oprimidos e imperialistas e suas heroicas massas.

Em meados do século dezenove, a classe operária surgiu como classe por si própria. Depois de diversas revoluções burguesas que sacudiram o mundo nos séculos dezoito e dezenove, Marx e Engels analisaram o ascenso desta classe e especialmente seu papel histórico. Eles então demonstraram que a burguesia deixara de ser uma classe progressista (por seu papel na abolição do feudalismo) para ser uma classe reacionária, que não poderia mais ser força dirigente do progresso social. Este papel revolucionário histórico agora estava nas mãos do proletariado. Marx, apoiado por Engels, sentaram bases para a ideologia científica do proletariado revolucionário. Estas bases são na filosofia o materialismo dialético que constitui ponto de vista do proletariado em sua analise do mundo, com a descoberta das leis fundamentais que governam a historia humana; na economia política a descoberta da natureza da exploração capitalista e as contradições do modo capitalista de produção; na organização, táticas e estratégias da luta do proletariado, a construção da primeira internacional, o Manifesto do Partido Comunista e tomar lições da Comuna de Paris de 1871 – tomar o poder político pela revolução violenta e usar a ditadura do proletariado para atingir a sociedade sem classes. Este conjunto é o que se chama Marxismo, o primeiro estágio da ideologia revolucionária do proletariado.

"As armas com que a burguesia deitou por terra o feudalismo viram-se agora contra a própria burguesia. Mas a burguesia não forjou apenas as armas que lhe trazem a morte; também gerou os homens que manejarão essas armas — os operários modernos, os proletários." Manifesto do Partido Comunista.

Mais tarde, Lenin desenvolveu o Marxismo a um estagio mais elevado durante a experiencia do movimento revolucionário na Rússia e na luta internacional contra o revisionismo. Lenin então analisou o desenvolvimento do capitalismo como estando em seu estágio mais elevado: imperialismo. Ele desenvolveu a necessidade do Partido de novo tipo, o Partido Comunista, como ferramenta indispensável para a revolução. Ele então concretamente realizou a ditadura do proletariado na escala de um país inteiro, a primeira experiência revolucionária proletária prática neste nível. A repercussão da Revolução de Outubro através do mundo unificou as lutas dos povos oprimidos e a revolução proletária mundial. A Internacional Comunista foi formada. Estes desenvolvimentos, dentre outros, constitui o Marxismo-Leninismo, segundo estágio da ideologia revolucionária do proletariado.

Depois da morte de Lenin, Stalin continuou a construção do socialismo na URSS sob dificuldade e condições previamente desconhecidas e dirigiu as massas da URSS à vitória contra os Nazistas na Segunda Guerra Mundial. Ele trabalhou extensivamente pelo reconhecimento do Marxismo-Leninismo como ideologia revolucionária do proletariado.

Finalmente, Mao Zedong, durante a longa luta revolucionaria pela tomada do poder na China, pela construção do Socialismo, em luta contra o revisionismo contemporâneo e em luta contra a restauração do capitalismo, desenvolveu o Marxismo-Leninismo a um estágio mais elevado. Mao desenvolveu os três componentes do Marxismo – filosofia, economia politica, e socialismo científico.

Mao também teorizou o desenvolvimento dos três instrumentos para o sucesso da revolução: O Partido, a Frente Única e o Exército Popular. O partido é central e é sempre o Partido que comanda o fuzil. Mao Zedong iniciou e dirigiu a Grande Revolução Cultural Proletária que foi um grande salto adiante no exercício da ditadura do proletariado. Centenas de milhões de pessoas se levantaram para derrubar os dirigentes capitalistas que surgiram na sociedade socialista e que estavam particularmente concentrados da direção do próprio Partido (como Liou Chao-chi, Lin Piao e Deng Xiaoping).

Mao dirigiu o proletariado e massas em sua confrontação com as lideranças do caminho do capitalismo para impor os interesses, do ponto de vista e a vontade da vasta maioria em todas as áreas que, mesmo na sociedade socialista, permaneciam a prevalecer as classes exploradoras e seu modo de pensar

As grandes vitórias vencidas durante a Revolução Cultural preveniram a restauração do capitalismo na China por uma década e levaram a grandes transformações socialistas na base econômica assim como na educação, literatura e arte, pesquisa científica e outras áreas da superestrutura.

Sob a direção de Mao, as massas voltaram ao velho humus que origina o capitalismo – como o direito burguês e as três grande diferenças entre cidade e campo, entre operário e camponês, e entre trabalho intelectual e trabalho manual.

A Revolução Cultural foi conduzida como parte integral da luta internacional do proletariado e foi uma escola de internacionalismo proletário. O Partido Comunista do Peru afirmou que o Maoismo forma o terceiro marco do Marxismo, foi elevado a Marxismo Leninismo maoismo, principalmente maoismo como a ideologia internacional do proletariado. Marxismo-Leninismo-Maoismo é a ideologia viva, é o guia para a ação, é a ideologia do proletariado, tornando possível entender a sociedade deste ponto de vista como uma classe em vias de transformá-la. O desenvolvimento dos partidos e organizações Marxistas-Leninistas-Maoistas no mundo hoje, incluindo nos países imperialistas, é um testamento de sua atemporalidade, vitalidade e relevância frente ao desafio revolucionário que enfrentamos.

Desde os anos 1970, nos países imperialistas, capitalismo passou por grandes reestruturações: que é os capitalistas dos países dominantes começaram a modificar e reorganizar as ferramentas de produção – fábricas, transporte e empresas em geral. Isso levou a um declínio nas condições de vida dos trabalhadores em geral, a uma estabilização das classes administrativas e a um rápido enriquecimento da burguesia, que é ainda mais poderosa. Também exauriu o proletariado e destruiu muitas ligações sociais, por multiplicar a então chamada horas «atípicas» (turnos noturnos, horas em escalas, trabalho aos domingos ...). Há um desejo real de atomizar o proletariado ao individualizar os salários , desmantelar os grandes locais de produção para favorecer a subcontratação, novas técnicas de administração e contratos precários: quebrar a unidade de classe do proletariado foi uma necessidade objetiva para a burguesia para continuar a manter a taxa de lucro ao aprofundar a exploração.

Isso também é pago pelas massas dos países oprimidos, que estão sofrendo com o imperialismo francês, ainda mais violento e mais agressivo em um tempo em que as contradições inter-imperialistas estão se agudizando para uma redistribuição do mundo. As contradições da nossa sociedade estão endurecendo: as massas se movem. Não pode haver opressão sem resistência! É por isso que o Partido Comunista Maoista foi fundado: para dar as massas uma ferramenta de combate o mais eficiente possível, para servir o povo nesses tempos difíceis, tentar construir o quartel general da Revolução capa de varrer esse sistema que os proletários não querem. Vontade de comunistas, no período que se abre a nossa frente, ir ao povo, aprender das lutas do proletariado e reforçar seus instrumentos de luta.

A atual crise leva o imperialismo a ser mais e mais agressivo. A instalação é sentida tanto dentro como fora. Dentro, uma contrarrevolução preventiva e a militarização da sociedade são necessárias para preparar e promover a guerra no estrangeiro. O estado de emergência permanente é um exemplo perfeito: os direitos de justiça são reduzidos, e aqueles do arsenal repressivo são grandemente aumentados.

Enquanto a guerra na Líbia foi um desastre para o povo libanês, é agora na Síria destruída pelo conflito inter-imperialista que o governo burguês decidiu reforçar sua intervenção junto com Donald Trump e Theresa May, Na partilha-repartilha de Mashrek entre imperialistas rivais, França não está pronta para perder sua oportunidade. As custas é claro das nações oprimidas, destruídas por um carpete de bombas.

Em outros lugares, foi durante a visita a Burkina Faso que o governo francês mostrou sua verdadeira face. Em um país onde a indústria, bancos e serviços são quase totalmente apropriados por capital francês, Emmanual Macron se comportou como um verdadeiro colono, não hesitando em zombar do Presidente de Burkinabe Roch Kaboré e insistente no fato de que a França iria reforçar sua dominação. Frente aos questionamentos dos estudantes de Burkinabe sobre a presença de soldados franceses no solo de Burkina Faso, ele não hesitou em respondê-los que eles deviam apenas respeito ao exército francês.

França é hoje o terceiro vendedor de armas no mundo, dentre lucrativos contratos firmados pelo imperialismo francês há por exemplo o que foi firmado com a Arábia Saudita. Em uma piada entusiasmada, a Ministra Florence Parly até mesmo se permitiu dizer, ao falar das armas usadas pela Arábia Saudita no massacre do Yemen, que as «Armas não foram feitas para serem usadas» para servir. O governo imperialista não hesita em vender armas para governos ultra-reacionários da Arábia Saudita, nem ao governo fascista de Modi na Índia que enviou um milhão e meio de soldados, policiais e milicianos para travar guerra contra seu próprio povo e a Guerra Popular dirigida pelo Partido Comunista Maoista da Índia. Enquanto todos veem a tensão crescente entre a Índia e o vizinho Paquistão, vender armas a um país expansionista é um crime. Os crimes do imperialismo são numerosos, mas não seremos capazes de citar todos. Durante sua visita a Índia em que Macron reafirmou sua proximidade ao regime reacionário de Modi, ele também fez o representante de vendas perfeito da Areva ao avançar a possibilidade de vender reatores nucleares para a Índia. O imperialismo francês é então reforçado, enquanto o exemplo indiano mostra, pela exploração de recursos, assim como Lafarge, mas também pelo ramo de reatores nucleares e Rafales, caças da aviação francesa.

Enquanto o governo de Macron, que se colocou como «nem de direita nem de esquerda» nas eleições presidenciais, estava já semeando dúvida por sua composição reacionária (ex oponentes do casamento para todos, comentários ultra-reacionários sobre mulheres e imigrantes), o governo Macron se mostra mais e mais como direita «dura» mostrando o verdadeiro projeto Macron que já havia sido largamente previsto nas eleições presidenciais.

Enquanto a condição da mulher proletária está ficando pior, com o ascenso de diferentes formas de desemprego, o mais avassalador peso do trabalho doméstico e o aumento da violência social, o que afeta elas principalmente, nenhuma ação foi tomada por este governo. Ao contrário, Emmanuel Macron não hesitou a se apresentar junto a bispos reacionários e dizer a eles seus votos para renovar a ligação entre igreja e Estado. As posições racistas e paternalistas sobre os subúrbios e as massas proletárias de origem imigrante são também notáveis. O incremento no poderio policial, e a violência que eles infligem sobre as massas dos bairros operários é claramente visível.

Finalmente é um governo muito reacionário que está na cabeça deste Estado: e isso é normal, desde que o sistema burguês não pode fazer mais nada progressista, a única forma de governar hoje em dia é apelando a forcas reacionárias cada vez mais, até o inexorável ascenso do fascismo.

Entretanto, as massas não abrem mão de levantar suas cabeças como por exemplo durante a rebelião nos subúrbios de 2006, e os grandes movimentos sociais do último ano. Fora da metrópole francesa, na colonia Myotte, greves gerais se multiplicam. Essa resistência massiva é um exemplo para nós, um exemplo para todos aqueles que querem avançar na resistência. A economia quebra, destruindo o lucro dos exploradores da burguesia imperialista e seus aliados compradores.

Esta resistência, que começa do proletariado e se estende às massas, vê seu oposto crescer com ela: a repressão se torna mais encarniçada e os bandos fascistas organizados começam a se estruturar, para servir como braço armado do governo reacionário – ao qual clamam lutar contra.

Nesta situação, os comunistas podem apenas tomar parte em toda luta, sem nunca cair em purismo, dogmatismo ou seguidismo cego. Se as massas cometerem erros e aprenderem na luta, é exatamente o mesmo para nós. Primeiro devemos aprender destas lutas. Aprendemos que em toda parte onde há opressão, há resistência. Nós aprendemos os métodos de ação. Também aprendemos o que são os embriões do poder popular nas massas.

A contradição entre o sistema imperialista e as massas populares, entre a burguesia e o proletariado, endurece, se torna ainda mais visível e mais violenta: somente a revolução pode realmente mudar a situação dos proletários e todos os povos oprimidos.

Lenin diz, em Sobre as Tarefas do Proletariado na Presente Revolução, que « Há um e só um internacionalismo de facto: o trabalho abnegado pelo desenvolvimento do movimento revolucionário e da luta revolucionária no seu próprio país, o apoio (pela propaganda, a simpatia e a ajuda material) a esta luta, a esta linha, e só a esta, em todos os países sem excepção.»

Viva o Marxismo Leninismo Maoismo, principalmente o Maoismo!

Viva a luta das heroicas massas!

Desenvolvamos os três instrumentos da revolução!

Viva Karl Marx!